Agachamento

Eu fico me perguntando, aonde as pessoas leigas e até mesmo profissionais educadores físicos, fisioterapeutas e médicos encontraram na literatura algo que constatasse que o exercício de agachamento poderia ser prejudicial à saúde? Sendo as principais acusações relacionadas à coluna e articulação do joelho. Resolvi falar sobre isso, porque começou a me incomodar de uns tempos pra cá, e foi um dos motivos que me incentivou a estudar fisioterapia. É impressionante o número de fisioterapeutas e ortopedistas que discriminam e condenam este exercício. Quase toda semana me deparo com o comentário de alguém falando “meu fisioterapeuta disse que agachamento é um veneno para coluna”, “meu fisioterapeuta disse que não posso fazer agachamento porque estou com uma lesão no joelho”, “meu ortopedista disse que só posso agachar até 60º”, 90º e por aí vai… Eu fico triste e as vezes desiludida, em ver como a grande maioria desses profissionais não buscam informações de qualidade, e assim evoluímos a passos de formigas. Não podemos falar que algo é proibido, ou que será prejudicial sem ter conhecimento sobre o assunto, isso mostra o quanto estão desatualizados, além de impedir que uma pessoa faça algo que pode tratá-la, além de melhorar a questão primordial que é funcional, poder voltar às atividades diárias o mais rápido possível, sem aprofundar nas questões estéticas que nem se compara aos demais exercícios quanto à eficiência e qualidade.

Já existem inúmeras pesquisas conceituadas e esclarecedoras como mostra na pesquisa de Bloomquist K at al, na Dinamarca, publicado no Eur J Appl Physiol em 2013, manipulando a amplitude de movimento articular durante o treinamento de agachamento pode ter efeitos diferenciados sobre adaptações ao treinamento de força, com implicações para esportes e reabilitação. A principal conclusão foi que o treinamento de agachamento profundo (0-120 ° de flexão do joelho); resultou em aumentos superiores no tamanho e na força do músculo extensor da coxa, melhor desempenho no salto vertical e provocou adaptações favoráveis ​​na função do joelho em relação ao treinamento de agachamento curto (0-60 de flexão do joelho).

Outro estudo que corrobora com estas afirmações, inclusive para a coluna, Hartmann H at al, publicado no Sports Med, 2013. Analysis of the Load on the Knee Joint and Vertebral Column with Changes in Squatting Depth and Weight Load. Desde que a técnica seja aprendida com precisão e supervisão de especialistas ajustando as cargas de treinamento progressivo, o agachamento profundo apresenta um exercício de treinamento eficaz para a proteção contra lesões e fortalecimento de membros inferiores. Ao contrário do que comumente expressou preocupação, o agachamento profundo não contribui com risco de lesão passiva de tecidos.

E já existiam publicações conceituadas desde, 2001, por Escamilla R. F., publicado no American College of Sports Medicine. Knee biomechanics of the dynamic squat exercise. O agachamento não compromete a estabilidade do joelho, e pode aumentar a estabilidade se executado corretamente, além de ser eficaz para o desenvolvimento do joelho, tornozelo e musculatura do quadríceps, isquiotibiais e gastrocnêmios.

Como diz um professor renomado que tenho grande admiração @drpaulogentil “Ainda permanece no senso comum que a MUSCULAÇÃO é uma modalidade apenas para quem deseja ter corpos musculosos. Em defesa da modalidade é importante lembrar que a quase duas décadas antes do famoso médico Kenneth Cooper associar melhor condição aeróbia a menores riscos de mortalidade, um outro médico americano chamado Thomas Delorme já usava MUSCULAÇÃO para tratar soldados que haviam se lesionado na guerra. O Colégio Americano de Medicina do Esporte em seu último posicionamento em 2011 deu bastante atenção para os benefícios do treinamento de força (TF) para a saúde, destacando o fato de que maiores índices de força estão associados a um menor risco de morte por causas não acidentais. Podemos concluir que a MUSCULAÇÃO vai muito além dos corpos sarados, e a prática deve cada vez mais ser estimulada a fazer parte dos programas de exercícios, seja qual for o objetivo, sempre orientado por um profissional de Educação Física qualificado.”

Diante de todas estas questões eu também defendo que o profissional de fisioterapia qualificado deveria adotar a musculação como mais um recurso de tratamento eficiente.

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